Após uma quebra de safra em 2024, há uma alta nas expectativas para o setor do grão em 2025, com aumento de produção, rendimento e das exportações. Venha entender tudo sobre!

O milho é uma das commodities agrícolas mais importantes no mercado global, principalmente nos setores tradicionais de alimentação humana e animal, mas também, nos últimos anos, para setores alternativos, como o de biocombustíveis. Apresentando considerável crescimento desde o início do século, as exportações brasileiras de milho (SH4 1005), segundo dados da plataforma ComexStat, têm alcançado maior relevância na matriz de exportação agrícola brasileira.
Nos anos pós pandemia, em um cenário internacional favorável ao produto brasileiro, houve uma elevação notável das exportações, que atingiram um nível recorde de 55 milhões de toneladas em 2023, movimentando bilhões de dólares nesse início de década. Em 2024, porém, houve uma redução das exportações para 39 milhões de toneladas, número ainda expressivo que perde peso apenas em comparação ao ano anterior, refletindo a quebra de safra entre 2023 e 2024 e a baixa dos preços internacionais, segundo um Boletim Logístico divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, é previsto um cenário positivo para a safra de 2025, com expectativa de recuperação da produção e ampliação das exportações. Vale mencionar que os maiores parceiros comerciais do Brasil no setor do milho são o Egito, que importou US$1.103.321.184,00 de milho brasileiro em 2024, o Vietnam, o Irã, o Japão e a China.
Em um cenário mundial marcado por oscilações climáticas, mudanças na demanda e incertezas econômicas, é interessante acompanhar as tendências internacionais a fim de tomar decisões conscientes e informadas. Neste blog, a Domani Consultoria Internacional destrincha a situação corrente e as expectativas futuras do mercado do milho. Quer exportar e entender como as tendências dos próximos anos afetam o seu negócio? Não perca essa chance e entre em contato com um de nossos consultores!
Exportações de milho em 2025: expectativas, altos e baixos
O setor do milho no Brasil tem apresentado dinâmicas interessantes e favoráveis ao longo do primeiro trimestre de 2025. Em fevereiro de 2025, o volume de exportações de milho não moído, exceto milho doce, registrou uma queda em comparação ao mesmo período de 2024, representando apenas 83,6% do montante exportado no ano anterior. Esse recuo resultou em uma redução de 16,7% na receita gerada pelas trocas e refletiu, diretamente, a conjuntura de queda da demanda internacional pela commodity.
Entretanto, o cenário desfavorável começou a se reverter já na semana do Carnaval, com uma virada positiva para as exportações brasileiras. Apenas nos primeiros 10 dias de março, o Brasil exportou cerca de 447 mil toneladas de milho, superando em 4,5% o volume total exportado em março de 2024. Além disso, a média diária de embarques nesses três primeiros dias úteis do mês cresceu impressionantes 597,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a arrecadação por dia útil avançou 598,7%. O preço médio pago pela tonelada do milho brasileiro também apresentou um leve crescimento de 0,2%, atingindo US$236,60 em comparação a US$236,10 no mês de março de 2024.
Frente a isso, de acordo com Stefan Podsclan, consultor de Grãos e Projetos na Agrifatto, “as exportações brasileiras de milho em 2025 vão ser definidas pelo tamanho da safra nacional do cereal e pelas relações comerciais entre Estados Unidos e outros países”. Nesse sentido, destaca que as ações do país americano, como maior produtor e exportador global de milho, têm o poder de desencadear uma série de mudanças na dinâmica global do milho, especialmente diante das recentes tarifas impostas a parceiros comerciais estratégicos, o que pode redirecionar a demanda pelo cereal para produtores alternativos, como o Brasil.
No que diz respeito à safra, dados do IBGE indicam uma projeção de produção de 120,6 milhões de toneladas em 2025, representando um crescimento de 5,1% em relação ao ano anterior. Tal avanço é atribuído, sobretudo, a um aumento no rendimento médio da produção. A estimativa para a primeira safra é de 25 milhões de toneladas de milho, e para a segunda é de 95,5 milhões.
Diante desse panorama, a conjuntura internacional para o milho brasileiro encontra-se em uma condição favorável em 2025. Essa perspectiva combina um cenário produtivo robusto com um ambiente global repleto de incertezas, especialmente no que tange à política comercial dos Estados Unidos. Esse contexto reforça o potencial do Brasil como um dos principais fornecedores mundiais do cereal, consolidando sua competitividade e abrindo novas oportunidades no mercado mundial.
Tarifa zero de importação: tendências e impactos
Com sua recente implementação no mês de março, a chamada tarifa zero de importação é uma política adotada pelo Governo Federal que visa isentar determinados produtos de impostos e taxas de importação, o que permite a entrada de determinados itens no mercado interno sem custos adicionais. No cenário brasileiro, essa medida foi implementada com o objetivo de enfrentar a alta demanda de alguns produtos básicos, como o milho, e, consequentemente, proporcionar um alívio a setores internos que dependem desses produtos, tendo em vista que grande parte desse produto é destinada à exportação. No caso do milho, que contava com uma tarifa de importação a 7,2%, a medida adotada tem por razão um auxílio emergencial ao setor industrial de rações e ao segmento alimentício, os quais sofrem com o aumento repentino no preço dessa commodity.
Para elucidar, devido a uma alta demanda interna pelo produto e uma safra de verão insuficiente, os preços do produto subiram em comparação ao ano anterior. De acordo com dados fornecidos pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço do milho teve uma leve alta no início de fevereiro de 2025, com cotação acima de R$76,00 por saca, um valor não visto desde 2023. Além disso, em 2025, até fevereiro, o preço do grão subiu 4,6%, destacando-se como a commodity agrícola com maior alta em janeiro, quando comparado a dezembro de 2024. Em fevereiro, até o dia 5, o preço médio foi de R$75,7 por saca, 20,8% superior ao mesmo período de 2024. Confira a seguir a variação mensal do valor da saca de milho, segundo informações coletadas pelo CEPEA:

Nesse sentido, essa decisão governamental busca facilitar o comércio e reduzir custos e outras barreiras para consumidores e empresas. Com menores taxas de importação, a entrada de milho estrangeiro no Brasil se torna mais atrativa, o que acarreta no aumento da oferta desse produto no mercado nacional e, consequentemente, influencia a baixa dos preços. Assim, os setores que dependem dessa commodity estabilizam-se com maior facilidade.
Quanto aos produtores locais, essa medida não trará prejuízos, mesmo diante da vantagem conferida ao milho importado, de acordo com o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin. Em sua fala, o político destaca que “nós estamos em um período em que reduzir o imposto ajuda a reduzir preços. Você está complementando. Não vai prejudicar o produtor, mas beneficiar os consumidores”. Diante disso, entende-se que o objetivo da tarifa zero é apenas complementar a oferta desse produto no mercado brasileiro, onde os produtores locais continuam sendo responsáveis pela maior parte do abastecimento interno e pelas exportações.
Para consumidores e indústrias que utilizam o milho como matéria-prima, a redução das tarifas de importação tem um impacto direto nos custos, pois pode significar uma redução no preço de alimentos que utilizam milho em sua composição, como farinhas, produtos alimentícios processados e rações. Para o segmento de ração animal, que representa um dos principais setores consumidores de milho no Brasil, essa medida permite uma redução no custo de produção, o que, por sua vez, pode resultar em preços mais baixos para carnes e outros produtos de origem animal. Dessa forma, a tarifa zero alivia a pressão sobre os preços internos, e oferece uma resposta rápida à alta nos preços da commodity, que tem sido um desafio nos últimos meses.
A tarifa zero de 2025 foi aplicada como estratégia econômica para controlar a inflação e promover o abastecimento interno de produtos básicos como o milho, mas também a carne, o café, o açúcar, entre outros que detêm grande importância tanto para o mercado interno quanto para as exportações brasileiras. Em conclusão, através de medidas para baixar o preço desse produto, o governo alivia a pressão sobre os setores que dependem do milho e também garante que o Brasil continue competitivo no mercado global, mantendo sua posição de destaque nas exportações e evitando impactos negativos no comércio internacional.
Com oscilações constantes nas exportações pós pandemia, o milho em 2025 se destaca como um produto estratégico para a economia brasileira em 2025. As expectativas de recuperação de safra e de aumento nas exportações são otimistas, ainda com incertezas diante do cenário político dos Estados Unidos. No mais, o milho brasileiro detém importante papel em diversos setores da economia, como nas alimentações humana e animal e também no setor de biocombustíveis. Essa grande relevância do produto para o país torna importante medidas como a tarifa zero de importação, que ajudam no suprimento da demanda interna e na redução da pressão inflacionária sobre o valor da commodity.
Esse é o ano para internacionalizar. Gostaria de entender como todos esses fatores influenciam nas suas operações no mercado internacional?
Referências:
AGÊNCIA BRASIL. Governo zera tarifa de importação de 9 alimentos para reduzir preços. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-03/governo-zera-tarifa-de-importacao-de-9-alimentos-para-reduzir-precos>. Acesso em: 11 mar. 2025.
AGÊNCIA IBGE. IBGE prevê safra de 322,6 milhões de toneladas para 2025, com crescimento de 10,2% frente a 2024. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/42436-ibge-preve-safra-de-322-6-milhoes-de-toneladas-para-2025-com-crescimento-de-10-2-frente-a-2024>. Acesso em: 11 mar. 2025.
BAND. Baixa oferta e alta demanda impulsionam preços do milho. Disponível em: <https://www.band.uol.com.br/agro/agromais/noticias/baixa-oferta-e-alta-demanda-impulsionam-precos-do-milho-202503051545>. Acesso em: 11 mar. 2025.
CEPEA/ESALQ-USP. Expressivo aumento nas exportações brasileiras de milho impõe mudanças na dinâmica do mercado nacional. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/opiniao-cepea/expressivo-aumento-nas-exportacoes-brasileiras-de-milho-impoe-mudancas-na-dinamica-do-mercado-nacional.aspx>. Acesso em: 12 mar. 2025.
COMEXSTAT. Consulta de dados gerais. Disponível em: <https://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral/121425>. Acesso em: 11 mar. 2025.
COMEXSTAT. Consulta de dados gerais. Disponível em: <https://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral/121305>. Acesso em: 11 mar. 2025.
CONAB. Boletim Logístico mostra desempenho das exportações de soja e milho em 2023/24 e aponta tendência para 2024/25. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/5886-boletim-logistico-mostra-desempenho-das-exportacoes-de-soja-e-milho-em-2023-24-e-aponta-tendencia-para-2024-25>. Acesso em: 12 mar. 2025.
CONAB. Boletim Logístico Ano IX – fevereiro 2025. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-logistico/item/download/57118_775036aab78e022e7e4d80a2621fd4af>. Acesso em: 12 mar. 2025.
FARM NEWS. Preço futuro do milho volta a subir no início de fevereiro. Disponível em: <https://farmnews.com.br/mercado/preco-futuro-do-milho-volta-a-subir-no-inicio-de-fevereiro/>. Acesso em: 11 mar. 2025.
FOLHA DE S. PAULO. Governo Lula zera alíquota de importação de carne, café, milho e azeite em tentativa de conter preços. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/03/governo-lula-zera-aliquota-de-importacao-para-carne-cafe-milho-e-outros-produtos.shtml>. Acesso em: 11 mar. 2025.
G1. Alckmin anuncia medidas para baixar preço de alimentos; tarifas de importação para carne, café, açúcar, milho e azeite serão zeradas. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/03/06/alckmin-anuncia-medidas-para-baixar-preco-de-alimentos.ghtml>. Acesso em: 11 mar. 2025.
NOTÍCIAS AGRÍCOLAS. Em apenas 3 dias úteis, Brasil já exportou mais milho do que em todo março/24. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/milho/395987-em-apenas-3-dias-uteis-brasil-ja-exportou-mais-milho-do-que-em-todo-marco-24.html>. Acesso em: 11 mar. 2025.
NOTÍCIAS AGRÍCOLAS. Brasil exportou 16% menos milho por dia em fevereiro/25 do que embarcou em fevereiro/24. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/milho/395885-brasil-exportou-16-menos-milho-por-dia-em-fevereiro-25-do-que-embarcou-em-fevereiro-24.html>. Acesso em: 11 mar. 2025.
NOTÍCIAS AGRÍCOLAS. Exportação de milho em fevereiro passa de 1,2 milhão de toneladas, mas ainda é menor do que fevereiro/24. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/milho/395105-exportacao-de-milho-em-fevereiro-passa-de-1-2-milhao-de-toneladas-mas-ainda-e-menor-do-que-fevereiro-24.html>. Acesso em: 11 mar. 2025.
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